A espada como símbolo histórico

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Em primeiro lugar, a espada é o símbolo do estado militar e de sua virtude, a bravura, bem como de sua função, o poderio.

O poderio tem um duplo aspecto: o destruidor (embora essa destruição possa aplicar-se contra a injustiça, a maleficência e a ignorância e, por causa disso, tornar-se positiva); e o construtor, pois estabelece e mantém a paz e a justiça.

Todos esses símbolos convêm literalmente à espada, quando ela é o emblema do rei (espada sagrada dos japoneses, dos antigos povos kampucheanos (cambojanos), dos khmers e dos chans, estes últimos conservando ainda o Sadet do Fogo da tribo jaraí).

Quando associada à balança, ela se relaciona mais especialmente à justiça: separa o bem do mal, golpeia o culpado. Símbolo guerreiro, a espada é também o símbolo da guerra santa (e não o das conquistas arianas, tal como pretendem alguns, a propósito da iconografia hindu, a menos que se trate de conquistas espirituais).

Antes de mais nada, a guerra santa é uma guerra interior, e esta pode ser igualmente a significação da espada trazida pelo Cristo (Mateus, 10, 34). Além do mais — sob seu duplo aspecto destruidor e criador —, ela é um símbolo do Verbo, da Palavra.

O khitab muçulmano costuma segurar uma espada de madeira durante sua predicação; o Apocalipse descreve uma espada de dois gumes a sair da boca do Verbo. Esses dois gumes relacionam-se com o duplo poder. Podem significar também um dualismo sexual: ou os gumes são macho e fêmea (conforme exprime certo texto árabe), ou as espadas são fundidas ritualmente por casais ou por um casal de fundidores, no decurso de operações que são casamentos (tal como sucede nas lendas chinesas).

A espada é também a luz e o relâmpago: a lâmina brilha; ela é, diziam os Cruzados, um fragmento da Cruz de Luz. A espada sagrada japonesa deriva do relâmpago.

A espada do sacrificador védico é o raio de Indra (o que a identifica ao vajra). Ela é, portanto, o fogo: os anjos que expulsaram Adão do Paraíso tinham espadas de fogo.

Em termos de alquimia, a espada dos filósofos é o fogo do cadinho. Ao mundo dos asura, o Bodhisattva leva a espada chamejante: é o símbolo do combate pela conquista do conhecimento e a liberação dos desejos; a espada corta a obscuridade da ignorância ou o nó dos emaranhamentos (Govinda).

Do mesmo modo, a espada de Vishnu, que é uma espada chamejante, é o símbolo do conhecimento puro e da destruição da ignorância. A bainha é a nescidade e a obscuridade: conceito ligado, certamente, ao fato de que a espada sagrada do Sadet do Fogo dos jaraís não possa ser tirada da bainha por um profano, sob pena dos piores perigos.

Em simbólica pura, esses perigos haveriam de exprimir-se pela cegueira ou pela queimadura, sendo que o fulgor ou o fogo da espada só podem ser suportados por indivíduos qualificados. A espada, além de ser o relâmpago e o fogo, é também um raio do Sol: o rosto apocalíptico de onde sai a espada é brilhante como o Sol (é, efetivamente, a fonte da luz).

Na China, o trigrama li, que corresponde ao Sol, corresponde igualmente ao relâmpago e à espada. Inversamente, a espada está relacionada com a água e com o dragão: a têmpera é união da água e do fogo; sendo fogo, a espada é atraída pela água.

A espada sagrada nipônica foi extraída da cauda do dragão; a do Sadet do Fogo foi encontrada no leito do Mekong.

Na China, as espadas precipitam-se por si mesmas na água, onde se transformam em dragões brilhantes; as espadas fincadas na terra fazem brotar fontes. Conhece-se a conotação existente entre o relâmpago e a produção da chuva.

A espada é também um símbolo axial e polar: este é o caso da espada que se identifica ao eixo da balança.

Na China, a espada, símbolo do poder imperial, era a arma do Centro; entre os citas, o eixo do mundo e a atividade celeste eram representados por uma espada fincada no cume de uma montanha.
Aliás, a ideia de que a espada fincada na terra possa produzir uma fonte não deixa de estar relacionada com a atividade produtora do Céu.

Na tradição bíblica, a espada faz parte dos três flagelos: guerra-fome-peste. Essa trilogia aparece, particularmente, em Jeremias (21, 7; 24, 10) e em Ezequiel (5, 12-17; 6, 11-12; 12, 16 etc.); no caso, a espada simboliza a invasão de exércitos inimigos.

A espada de fogo designa, segundo Fílon (De cherubim, 25, 27), o logos e o sol. Quando Deus expulsou Adão do Paraíso, ele colocou diante do jardim do Éden os querubins e a chama da espada fulgurante para guardar o caminho da árvore da vida (Gênesis, 3, 24).

Segundo Fílon, os dois querubins representam o movimento do universo, o deslocamento eterno do conjunto do céu, ou ainda, dos dois hemisférios. Conforme uma outra interpretação do mesmo autor, os querubins simbolizam os dois atributos supremos de Deus: a bondade e o poder.

A espada refere-se ao Sol, cujo percurso faz a volta do universo inteiro no período de um dia cósmico. A espada relaciona-se também à razão, que reúne a um só tempo os dois atributos de bondade e de poder: pela razão, Deus é generoso e soberano ao mesmo tempo (De cherubim, 21-27).

Nas tradições cristãs, a espada é uma arma nobre que pertence aos cavaleiros e aos heróis cristãos. Ela é muitas vezes mencionada nas canções de gesta.

Rolando, Olivier, Turpin, Carlos Magno, Ganelão e o emir Baligant, todos eles possuíam espadas individualizadas que tinham nomes, como, por exemplo, Joyeuse ("Alegre"), I)urandal, Hauteclaire, Corte, Bantraine, Mu-saguine etc., para lembrar apenas alguns deles. Esses nomes provam a personalização da espada.

À espada está associada a ideia de luminosidade, de claridade; a lâmina é qualificada de cintilante. Às vezes, a espada designa a palavra e a eloquência, pois a língua, assim como a espada, tem dois gumes.

 

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Espada no Japão

A Catana (katana) é uma tradicional espada japonesa que foi usada pelos samurais do Japão antigo e feudal. A catana é caracterizado por sua aparência distintiva: uma lâmina curva, de um único fio com um protetor circular ou esquadrado e um cabo longo para acomodar duas mãos.

No entanto, esta palavra foi incorporada na língua portuguesa no século XVI, após a chegada dos portugueses ao Japão. Por essa razão, nestes quase quinhentos anos, essa palavra foi perdendo a sua pronúncia japonesa aportuguesando-se e ganhou novos sentidos em português, especialmente nas variantes europeia, africana e asiática, designando uma variedade de objectos como espadas, sabres ou facões.

Com o renovar do interesse pela cultura nipónica nos vários países de língua portuguesa, nos últimos anos, a palavra catana reforçou o seu sentido original. Surgida no Período Muromachi, era a arma padrão dos samurais e uma das suas variantes, a wakizashi, era usada pelos ninjas. A espada japonesa é utilizada para a prática do kenjutsu, a arte de manejar a espada. Tem gume apenas de um lado, e sua lâmina é ligeiramente curva. Era usada tradicionalmente pelos samurais, acompanhada da wakizashi (脇差). A catana era usado em campo aberto, enquanto a wakizashi servia para combate no interior de edifícios.

 

A espada, símbolo de segurança e poder

Como símbolo de segurança e poder, a espada já foi usada como símbolo nos desenhos de logotipos de várias marcas de corretoras de seguros e seguradoras.

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Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.


Página atualizada na Agência EVEF em 18/03/2022 por Everton Ferretti