A importância do design e da legislação na criação de modelos de rótulos para cachaça

varios rotulos cachaca

Como devo exibir o desenho do logotipo da destilaria ou alambique no rótulo ou na embalagem da cachaça que é oferecida no mercado brasileiro? Essa é uma dúvida comum que muitos empresários, produtores e engarrafadores de cachaça e bebidas destiladas enfrenta no Brasil. Vamos conhecer alguns detalhes desse processo criativo de rotulagem e packaging para cachaças.

Os rótulos de cachaça devem seguir uma extensa variedade de regulamentações legais para assegurar a segurança e a integridade do produto. No entanto, produtos que não apresentam irregularidades são uma raridade no mercado.

Há um ditado antigo que afirma que para ter sucesso, é necessário "ter um olho na missa e outro no padre". Contudo, nos dias atuais, isso já não é suficiente para os produtores de cachaça. Eles precisam estar atentos à qualidade do produto, ao design da garrafa, à embalagem, aos custos para oferecer preços atrativos sem comprometer o lucro, e ainda reservar atenção para os rótulos. Os rótulos não apenas atraem os clientes, mas também devem ser honestos, precisos e, sobretudo, estar em conformidade com a legislação.

Sim, estar em conformidade com a legislação é crucial, pois há uma ampla gama de leis, regulamentos, portarias e instruções normativas que regulam a rotulagem. O não cumprimento dessas regulamentações pode resultar em penalidades significativas.

No entanto, parece que o mercado produtor de cachaça não está prestando muita atenção a isso. Apenas sete das 50 cachaças ranqueadas no II Ranking Cúpula da Cachaça estavam em conformidade total com os regulamentos de rótulos. Algumas cachaças apresentaram até sete pontos de não conformidade. Durante a avaliação, a informação do lote (conforme o Decreto 6871/2009) foi o item mais frequentemente observado como não estando em conformidade.

A história da rotulagem não é recente. No início do século XIII, o rei da Inglaterra estabeleceu um dos primeiros mecanismos legais de rotulagem, conhecido como o "Veredicto do Pão". Essa legislação proibia que os padeiros misturassem outros cereais, como ervilha e feijão, na massa de pão, visando promover o uso exclusivo de trigo. Desde então, houve um jogo de gato e rato entre a indústria alimentícia e o público. Nos Estados Unidos, a regulamentação de alimentos tem raízes desde os tempos coloniais.

No Brasil, a obrigatoriedade de rotulagem é mais recente, mas ganhou destaque com a implementação do Código de Defesa do Consumidor durante o governo Collor. Existem várias razões para a rotulagem, sendo a principal delas a legalidade: são normas gerais aplicáveis a alimentos e bebidas, estabelecidas por diversos órgãos reguladores (saúde pública, agricultura, metrologia, defesa do consumidor, entre outros). O objetivo final é garantir a segurança alimentar, rastreabilidade e, sobretudo, a confiança entre produtores e consumidores.

Entretanto, não se pode ignorar o aspecto comercial. A rotulagem funciona como uma espécie de identidade do produto, identificando sua origem e fabricante. Em um mercado competitivo, quando o produto se destaca, a rotulagem é fundamental para impulsionar as vendas e estabelecer o reconhecimento do produtor.

Pequenos detalhes em um rótulo podem desqualificar um produto, daí a importância de estar atento à legislação específica sobre rotulagem. O Decreto 6.871/2009, em seu artigo 10, define com precisão o que é considerado um rótulo.

Rótulo é toda inscrição, legenda, imagem ou matéria descritiva, gráfica, impressa, estampada, afixada, encaixada, gravada ou colada, vinculada à embalagem, de forma unitária ou desmembrada sobre;

  • a embalagem da bebida;

  • a embalagem externa que acomoda o recipiente da bebida;

  • na parte plana da cápsula ou em outro material empregado na vedação do recipiente;

  • ou em todas as formas acima.

 

modelo rotulo embalagem barril cachaça

A regulamentação da rotulagem possui padrões específicos para vários aspectos, incluindo o corpo das letras, o conteúdo, a denominação do produto e outros detalhes. Por exemplo, a Resolução 259/2002 define padrões para o corpo das letras, a Portaria do INMETRO 157/2002 trata da indicação de conteúdo, e a IN 55/2002 do Mapa define a denominação do produto.

Existem detalhes que precisam ser observados com cuidado, já que podem causar problemas. Por exemplo, o uso da bandeira nacional é proibido de acordo com a Lei 5.700/71, e o uso de palavras em idioma estrangeiro é proibido, a menos que o produto seja destinado à exportação.

Além disso, certas frases obrigatórias, como "Não Contém Glúten", "Proibida a venda a menores de 18 anos", "Evite o consumo excessivo de álcool" e "Indústria Brasileira", devem ser incluídas nos rótulos. Se essas informações obrigatórias forem esquecidas, podem resultar em problemas significativos durante a fiscalização. Portanto, estar em conformidade com todas essas regras é crucial para evitar complicações legais.

É comum que muitos produtores queiram ressaltar a qualidade de seus produtos e incluir informações que enalteçam a região de origem. No entanto, é importante observar que existem restrições quanto a isso. O nome do estado ou da cidade não pode ser diretamente incluído no rótulo, exceto quando agregado ao endereço do produtor. A inclusão do nome da cidade no rótulo é permitida apenas para regiões que obtiveram a Indicação Geográfica (IG), como é o caso de Paraty, Salinas e Abaíra no Brasil.

Outros erros também podem ocorrer na rotulagem. Alguns produtores esquecem de mencionar a madeira na qual a cachaça foi envelhecida, o que é obrigatório conforme a Instrução Normativa 13 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O prazo de validade é outro detalhe obrigatório, mesmo que saibamos que a cachaça não tem um prazo de validade definido.

modelo rotulagem packaging rotulo cachaça

A nomenclatura correta do produto é fundamental. Por exemplo, se a cachaça é envelhecida e possui qualidade superior, o termo correto a ser utilizado no rótulo é "CACHAÇA ENVELHECIDA EXTRA PREMIUM". É importante seguir essa nomenclatura de acordo com as normas estabelecidas, como a IN 13 do Mapa.

Outra consideração relevante é evitar títulos, marcas, informações ou figuras que possam levar o consumidor a engano, como a crença de que uma cachaça é produzida em uma região diferente da realidade. O uso inadequado de termos como "orgânico" no rótulo também pode não estar em conformidade com as regulamentações.

A Embrapa Agricultura de Alimentos publicou um Manual de Rotulagem de Alimentos e Bebidas em 2015, que pode ser uma ferramenta útil para quem está envolvido na comercialização de produtos de qualidade, respeitando as regras e legislações aplicáveis à rotulagem.

modelo rotulo logotipo cachaça embalagem

Reação do consumidor ao design do rótulo da cachaça

A escolha do consumidor ao comprar cachaça vai além da simples busca por uma bebida. Felizmente, os produtores de cachaça perceberam que a embalagem desempenha um papel crucial nesse contexto. Quando um consumidor entra em uma loja, ele muitas vezes se depara com dezenas de opções de cachaças disponíveis. Em meio a essa diversidade, como ele escolherá justamente a sua marca, especialmente se ele não a conhece ou não está familiarizado com nenhuma das opções?

A resposta está no que chamamos de diferencial competitivo. Algumas cachaças têm produtores que entendem a importância da apresentação e investem em embalagens distintas. Seja por um formato único ou por um rótulo atraente, os produtores precisam fazer com que sua cachaça se destaque nas prateleiras. Algumas embalagens são tão chamativas que parecem saltar aos olhos do consumidor. Elas despertam a curiosidade e o desejo de explorar mais sobre o produto. E é justamente esse desejo que levará o cliente a escolher aquela garrafa específica de cachaça, dentre tantas outras opções disponíveis.

É importante ressaltar que existem exceções a essa regra. Um exemplo é a embalagem da cachaça Havana-Anísio Santiago. Sua garrafa tem um aspecto semelhante ao de cervejas, com uma coloração marrom escuro que o fabricante chama de âmbar. O rótulo é simples e não apresenta sofisticação, dando a sensação de ter sido desenhado à mão. No entanto, essa cachaça é a Havana, e essa marca é um verdadeiro mito. A Havana-Anísio Santiago é um objeto de desejo em si, o que transcende a necessidade de uma embalagem elaborada.

No Brasil, a indústria de cachaça enfrenta algumas limitações em relação às opções de garrafas disponíveis, uma vez que estamos nas mãos de poucos fabricantes e os modelos de garrafas em geral são muito similares. Uma alternativa é recorrer a garrafas importadas, que oferecem designs variados, porém com um custo elevado. Essas garrafas importadas costumam ser usadas em séries especiais que possuem diferenciais, como envelhecimento diferenciado, justificando o preço mais alto.

modelo rotulo embalagem cachaça premium

Diante dessa realidade, a criatividade na elaboração dos rótulos se torna ainda mais essencial. Os rótulos estão se tornando cada vez mais sofisticados, buscando compensar a falta de variedade de modelos de garrafas no mercado. O mesmo acontece com embalagens diferenciadas. Uma garrafa pode ser utilizada por diversos produtores, enquanto a embalagem é única e fruto da criatividade de quem ousou inovar e sair do convencional. O desafio é conseguir transmitir todas essas características em cachaças de qualidade e com preços acessíveis.

Determinar um preço justo e acessível para a cachaça é uma tarefa importante. O preço deve levar em consideração os custos de produção, incluindo os impostos e, se for o caso, o frete. No entanto, é crucial ter em mente o custo percebido pelo cliente. No final das contas, é o consumidor que vai decidir se a cachaça vale o preço estipulado pelo produtor. Se ele achar que está caro demais ou barato demais, isso pode ter consequências negativas. Encontrar o equilíbrio que permita ao produtor obter o lucro desejado e ao consumidor sentir que está recebendo um bom valor pelo produto é essencial.

Uma vez definido o preço, a distribuição se torna um aspecto crítico. Montar uma estrutura de distribuição própria pode exigir um alto investimento, e o retorno nem sempre é garantido. Muitos produtores optam por terceirizar a distribuição, o que pode acarretar em algumas lacunas que estão além do controle direto do produtor.

No mercado de cachaça de alambique, não existe uma lealdade de marca por parte dos consumidores. Eles compram cachaça, seja por doses ou garrafas, por conveniência. Se uma marca não está disponível, eles procuram outra. Portanto, é fundamental garantir que a cachaça esteja sempre disponível no mercado, seja em lojas, bares ou restaurantes, para atender às demandas dos consumidores.

exemplo rotulo cachaça embalagem

A importância da comunicação visual e eletrônica

No entanto, tão essencial quanto ter um produto de qualidade é assegurar que as pessoas saibam disso. Para isso, a elaboração, produção e veiculação de materiais de comunicação adequados são de extrema importância.

Pequenos produtores têm uma vantagem significativa sobre grandes indústrias: eles estão próximos dos consumidores, percebem mais facilmente suas necessidades e desejos, e podem se comunicar diretamente com eles. Não existe fonte melhor de informações do que os próprios clientes. Basta saber ouvi-los e atendê-los.

Embora não haja uma receita pronta, há caminhos conhecidos que podem ser seguidos. Uma das funções da comunicação é transformar o produto em objeto de desejo, despertando a vontade irresistível de experimentá-lo, de tê-lo nas mãos e sentir as sensações que ele pode proporcionar. No entanto, isso não pode ser alcançado apenas despejando dinheiro em anúncios sem uma estratégia bem definida. A coerência é crucial: ter objetivos claros e saber para quem e como transmitir a mensagem. A verba de marketing costuma ser limitada, e é necessário obter o máximo de resultados com ela.

Propaganda não se resume apenas a anúncios. Participar de feiras de negócios, assessoria de imprensa, degustações, eventos, e-mail marketing, mala direta e mídias alternativas, como porta-guardanapos personalizados, jogos americanos, copos customizados, entre outros, são igualmente importantes. Mídias alternativas muitas vezes são mais acessíveis e tão eficazes quanto as mídias tradicionais. A criatividade é um grande aliado nesse processo.

É importante considerar várias possibilidades para se comunicar com o mercado, e por isso é recomendável buscar orientação de profissionais especializados em planejamento de mídia. Analisar a concorrência, identificar pontos fortes e fracos, e criar uma estratégia de comunicação coerente são passos essenciais. Cada peça de comunicação deve ser parte de um todo, com uma estratégia unificada para evitar a perda da identidade do produto.

O marketing é cada vez mais crucial para gerenciar produtos e serviços em um mercado globalmente competitivo. Não há segredos nem mágica; o que é necessário é profissionalismo, planejamento e dedicação para comunicar efetivamente os diferenciais do produto ao público-alvo.

Aviso de direitos autorais:

As marcas, desenhos e rótulos exibidos aqui são protegidos pela de lei de direitos autorais e qualquer publicação exibindo essas imagens deverá respeitar os direitos de imagem dos titulares dessas marcas. A Agência EVEF não comercializa nenhum produto ou serviço referente a essas marcas exibidas nesse artigo, que foi publicado apenas para fins didáticos com o objetivo de ilustrar como as embalagens são criadas para o mercado brasileiro. Não copie nenhum desenho dessas imagens, pois isso poderá ser considerado plágio pelo fabricante e dono da marca original. Use as imagens exibidas aqui apenas como inspiração para a criação do seu próprio rótuolo personalizado.

Fonte: Cachaça em Revista, ChatGPT e publicações dos websites dos fabricantes citados nesse artigo.

 


Confira abaix mais modelos de rótulos de cachaça que são vendidos no Brasil:

 

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Artigo atualizado por Everton Ferretti na Agência EVEF em 21/08/2023