Usar um calçado é desde a antiguidade um símbolo de afirmação social e de autoridade. Um antigo costume russo exigia que no banquete de bodas o guardanapo da noiva fosse dobrado em forma de cisne, e o do noivo, em forma de sapato. Na igreja, a noiva tentava ser a primeira a pisar sobre o tapete de cetim cor-de-rosa sobre o qual se realizava o juramento na cerimônia ortodoxa, a fim de dominar seu esposo; na noite de núpcias, ela devia descalçar o marido — uma das botas do noivo continha um rebenque, e a outra, dinheiro.
Entre os nativos das ilhas Samoa, o costume exige que o noivo ponha à prova sua prometida, pedindo-lhe que lhe faça à mão botas de pele. Entre os camponeses russos, era proibido sair de pés descalços no dia em que se levava pela primeira vez os animais ao pasto, do contrário, ali encontrariam muitas serpentes e lobos.
O ato de descalçar-se já é um primeiro passo para a intimidade. Para os Antigos, o calçado era um sinal de liberdade. Em Roma, os escravos andavam descalços. O calçado é o signo de que um homem pertence a si mesmo, de que se basta a si próprio e é responsável por seus atos.
Participa do tríplice simbolismo do pé: fálico para os freudianos; símbolo da alma para Diel e, em nossa opinião, tanto relação como ponto de contato entre o corpo e a terra", ou seja, símbolo do princípio de realidade (os pés no chão).
A criação dos calçados rústicos foi uma consequência natural da necessidade que o homem sentiu em proteger seus pés do incômodo de andar sobre pedras e sujeira ou do perigo de pisar em algum animal peçonhento.
Pinturas rupestres descobertas na Espanha e no sul da França de 10 mil anos antes de Cristo mostram que nessa época (Paleolítico) o homem pré-histórico já fazia uso de espécies rudimentares de calçados feitos de palha e madeira, provavelmente os primeiros modelos de calçados.
Entre os utensílios e ferramentas dos homens primitivos existem vários que serviam para raspar as peles, o que indica que a arte de curtir o couro é muito antiga.
Na antiga Mesopotâmia, eram comuns os sapatos de couro cru, amarrados aos pés por tiras do mesmo material. Os coturnos eram símbolos de alta posição social.
No Antigo Egito, os sapatos eram feitos de palha, papiro ou fibra de palmeira. As pessoas os usavam somente quando era necessário, carregando-os consigo de um lado para o outro. E isto, claro, era um benefício apenas dos nobres: os faraós, por exemplo, usavam sandálias adornadas com ouro. Nas câmaras subterrâneas usadas para enterros egípcios e que têm idade entre seis e sete mil anos, foram descobertas pinturas que representavam os diversos estados do preparo do couro e dos calçados.
Nas civilizações grega e romana, o sapato também começou a ganhar status social. Os gregos lançaram diversos modelos e chegaram a criar os primeiros calçados especializados para cada pé, direito e esquerdo. Na Grécia, os escravos eram conhecidos publicamente por não utilizarem nenhum tipo de calçado nos pés.
Em Roma, o sapato era um indicador da classe social do indivíduo: os cônsules usavam calçados brancos, os senadores faziam uso de sapatos marrons presos por quatro fitas pretas de couro atadas a dois nós e as legiões utilizavam uma espécie de botas entrelaçadas de cano curto que descobriam os dedos; compostos por solados estruturados com tiras de couro amarrados aos pés ou às pernas, como podem ser observados nos afrescos, porém a manufatura destes calçados era rudimentar e o design pouco atrativo.
É da cultura muçulmana que se origina o conceito de calçados como conhecemos hoje em dia. Com a introdução da cultura árabe na idade média na Europa, o uso de diferentes materiais, a coloração do couro, as costuras trabalhadas e o design apurado deram origem a diferentes e inovadores tipos de sapatos, tendo como base a sapatilha integral com o fechamento das costuras pela parte de cima, usada tanto por homens como por mulheres.
Já no século XVI na França, na corte de Luís XIV os saltos eram objetos exclusivamente masculinos, um símbolo de ostentação e riqueza, onde os homens usavam saltos altíssimos. O rei Luiz XV, devido a sua baixa estatura, encomendava sapatos de salto alto.
A padronização da numeração é de origem inglesa. O rei Eduardo I foi quem uniformizou as medidas. A primeira referência conhecida da manufatura do calçado na Inglaterra é de 1642, quando Thomas Pendleton forneceu quatro mil pares de sapatos e 600 pares de botas para o exército. As campanhas militares desta época iniciaram uma demanda substancial por botas e sapatos.
Os sapatos manufaturados começaram a aparecer durante o século XVIII, no início da Revolução Industrial. Em meados do século XIX começaram a surgir as máquinas para auxiliar na confecção dos calçados mas, só com a máquina de costura o sapato passou a ser mais acessível.
A partir da quarta década do século XX, grandes mudanças começaram a acontecer na indústria calçadista, como a troca do couro pela borracha e pelos materiais sintéticos, principalmente nos calçados femininos e infantis. Atualmente algumas marcas de sapato se constituem em símbolos de status social, remetendo novamente às eras egípcia, grega e romana.
Os calçados no século 21
Observe as marcas de calçados abaixo:
- Miu Miu
- Christian Louboutin
- Manolo Blahnik
- Jimmy Choo
- Walter Steiger
- Alexander McQueen
- Brian Atwood
- Stuart Weitzman
- Louis Vuitton
- Gucci
Essas marcas produzem calçados exclusivos, vendendo alguns pares de sapatos que podem custar mais de 10 mil dólares. É a ostentação e o luxo elevados ao nível máximo, através dos pés.
Miu Miu
Poucos sabem que Miuccia Prada concebeu o apelido Miu Miu de sua família. Enquanto a Prada oferecia designs minimalistas, elegantes e sofisticados para seus clientes, a Miu Miu caiu do outro lado do espectro. A visão de moda da Miu Miu foi bastante rebelde, barulhenta e eclética, algo que as pessoas imediatamente se apaixonaram. A marca concebeu os conceitos de alta costura, luxo e feminilidade, que estavam fora do mainstream na época. A sua estratégia, coleções e fotografias foram arrojadas, mantendo-se fiel ao seu lema. Os sapatos desta marca continuam a fascinar as mulheres até hoje.
Christian Louboutin
Você reconhecerá um calçado Louboutin imediatamente. A parte fascinante da história de Louboutin é que ele se deparou com o design de sapatos por acidente. Ele foi expulso da escola e acabou exercendo várias profissões. Começou a trabalhar como designer de sapatos freelancer no início dos anos 80. Depois de alguns anos, ele começou sua marca própria. Ele teve a ideia das revolucionárias solas vermelhas depois de ver sua assistente pintar as unhas de vermelho. Os sapatos logo começaram a ganhar popularidade. Alguns deles tinham saltos perigosamente altos. Mesmo com todos os problemas de falsificação e a batalha legal com a YVS pelas solas vermelhas, a Louboutin continua sendo uma das marcas de calçados mais caras do mundo.
Manolo Blahnik
Manolo Blahnik é muitas vezes referido como o homem santo dos saltos. Ele acredita firmemente no poder dos saltos e os faz à mão com o mesmo nível de paixão. Seus designs são autênticos, personalizados e não são produzidos em massa. Quando conheceu Diana Vreeland (em 1968), que era editora-chefe da Vogue, iniciou sua jornada de sapateiro. Ele apresentou sua primeira coleção de sapatos em 1971 e não parou mais desde então. Suas criações foram exibidas em tapetes vermelhos, filmes e programas de TV, e pelos maiores nomes de Hollywood.
Jimmy Choo
Desde a princesa Diana até a Carrie Bradshaw, Jimmy Choo tem a base de clientes mais leal e de elite em comparação com as outras marcas. Jimmy Choo foi iniciado por Choo Yeang Keat, um designer da Malásia que vem de uma família de designers de calçados, mas nenhum deles decolou nesse nível. Ele começou projetando sapatos feitos sob medida, uma ideia que se espalhou como um incêndio. Ele se tornou 'o' designer em um instante. De tênis a escarpins, Jimmy Choo tem um olho para detalhes que ninguém mais parece oferecer e é por isso que seu trabalho continua sendo um fascínio para pessoas de todas as classes.
Walter Steiger
Walter Steiger foi um designer de Genebra que começou sua marca de calçados em 1932 e fez sapatos com materiais exclusivos, criando designs inusitados para aquela época. Seu filho mais velho Walter Steiger Jr se inspirou em seu pai e assumiu os negócios da família. Walter Steiger(Jr) abriu uma boutique em Paris em 1974, que ganhou enorme popularidade. Ele abriu lojas em Milão, Londres, Nova York, etc. Com artesanato tradicional, técnicas únicas e materiais de alta qualidade, Walter Steiger permanece no topo do setor de calçados de luxo sob medida para homens e mulheres.
Alexander McQueen
Alexander McQueen é uma marca que vem se destacando nos últimos 25 anos. Ele começou como designer na Givenchy e se tornou o designer-chefe em pouco tempo. Ele saiu e começou uma marca em seu nome, projetando calçados inéditos. As pessoas dizem que só se você tiver um gosto como Lady Gaga, você vai se conectar com acessórios tão bizarros, mas isso não é verdade. Apenas um par de sapatos dele pode te diferenciar.
Brian Atwood
"Liberdade reside em ser ousado." Brian Atwood começou sua marca com essa filosofia e acredita que você nunca deve se comprometer com nada que faz. Brian Atwood foi um dos poucos designers que foram contratados diretamente pela Versace na Itália. Sua passagem de sucesso o incitou a explorar isso ainda mais. Foi assim que ele fundou sua marca em 2001 e já inicou as operações em alta. Ele sempre acreditou que o calçado poderia ser o fator decisivo para uma roupa, mas nunca soube que realmente começaria a desenhá-los até que Versace o designou para o papel. Sua marca passou a se tornar não apenas a marca de calçados mais procurada, mas uma marca que é uma forte concorrente no segmento de luxo.
Stuart Weitzman
Stuart Weitzman começou sua carreira desenhando sapatos para a sapataria de seu pai chamada 'Seymour Shoes', em Massachusetts - EUA. Ele fez uma pausa para estudar na Wharton School, depois voltou para se juntar aos negócios da família. No entanto, a empresa logo foi vendida para uma empresa espanhola por causa da morte de seu pai. Mas ele continuou a desenhar para a empresa por vinte anos e a recomprou em 1994. Seus sapatos começaram a ganhar popularidade e logo se tornaram destaque nos tapetes vermelhos. Os mais populares eram os sapatos de platina e os cravejados de diamantes, que valiam mais de um milhão de dólares. Ele detém o recorde de fazer os sapatos femininos mais caros – no valor de 3 milhões de dólares. Ele usa materiais únicos e faz alguns dos sapatos de grife mais caros que não são algo que você encontra em todos os lugares.
Louis Vuitton
Um nome que dispensa apresentações! É uma marca pela qual a elite confia, e não apenas para bolsas, malas, acessórios e roupas, mas também para sapatos. A marca tem mais de 150 anos, mas só vem crescendo de forma consistente. Louis Vuitton ou LV é um exemplo clássico de designs elegantes que dão a você uma perspectiva de luxo, ao contrário da maioria das grandes marcas.
Gucci
Gucci, uma marca italiana com sede em Florença é uma marca de elite. É conhecida por sua qualidade impecável e artigos de couro de luxo com design exclusivo – de bolsas e malas a sapatos. Guccio Gucci criou um nicho jogando com detalhes e experimentando materiais que de outra forma não eram conhecidos. É por isso que o detalhe dos lendários mocassins Gucci foi um sucesso substancial, e ainda permanece como um dos sapatos mais valorizados da indústria. Assim como muitas outras marcas de luxo, a Gucci abriu suas asas no varejo, além de ter suas lojas próprias e exclusivas. Mesmo depois de noventa anos, continua a ser inovadora e está sempre na vanguarda.
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Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.