A madeira é, por excelência, a matéria (o latim matéria, antes de significar matéria, designou a madeira de construção). Na Índia, é um símbolo da substância universal, da prima materia. Na Grécia, a palavra hylé, que tem o mesmo sentido de matéria-prima, designa literalmente a madeira.
Na China, a madeira é também, dentre os cinco elementos, aquele que corresponde ao Leste e à primavera, bem como ao trigrama tch'en: o abalo da manifestação e da natureza.
A vegetação sai da terra, assim como o trovão, que nela se mantinha, oculto: é o despertar do yang e o início de sua ascensão.
Na liturgia católica, a madeira (ou madeiro, lenho) é muitas vezes adotada como sinônimo da cruz e da árvore, como por exemplo: "Que o inimigo, vitorioso com a ajuda do lenho, foi ele mesmo vencido pelo madeiro".
Nas tradições nórdicas, sob todas as suas formas e sob todos os seus aspectos, a madeira ou árvore participa da ciência; a escritura tradicional irlandesa, os ogam, é na maioria das vezes gravada na madeira; só é gravada em pedra nas encomendações fúnebres.
Existe homonímia perfeita entre o nome da ciência e o nome da madeira em todas as línguas célticas (vidu: irl. fid; gaL gwyeld; bret. gwez, árvore e gouez, radical de gouzout, saber).
Ao contrário dos galeses, os druidas da Irlanda utilizam pouco o carvalho, embora utilizem com muita frequência o teixo, a aveleira, ou a sorveira (raramente os textos fazem distinção entre essas três espécies). A avelã é fruto de sabedoria e de saber.
A bétula e a macieira também desempenham papel importante no simbolismo do Outro Mundo. Em geral, são varas de aveleira que servem à magia.
Mas é gravando caracteres ogam em varas de teixo que o druida Dallan (ceguinho) reencontra Etain, mulher do rei Eochaid, no sid onde a mantinha escondida o deus Midir, seu primeiro marido.
No sentido maléfico, a madeira desempenha ainda papel considerável. A fim de vencer Cuchulainn, que resiste à sua magia, os filhos de Callatin encantam plantas e árvores, transformando-as em guerreiros capazes de combater.
Esse mesmo tema legendário, que existia na Gália cisalpina, foi transformado em história por Tito Lívio em seus Anais, a propósito da morte do cônsul Postumius, em 216 a.C. Torna-se a encontrar o mesmo tema, embora inverso (o combate das árvores é tomado no sentido favorável), no curioso poema galés Kat Godeu ou combate dos arbustos, atribuído a Taliesin.
Os nomes de árvores são igualmente frequentes na Gália nos antropônimos ou nos nomes étnicos: Eburovices, Viducasses, Lemovices etc.
Mas o simbolismo geral da madeira permanece constante: contém uma sabedoria e uma ciência sobre-humanas. Entre os antigos gregos e latinos, bem como entre outros povos, bosques inteiros (já não mais a madeira) eram consagrados a divindades: simbolizavam a morada misteriosa do Deus.
Sêneca deixou disso uma bela evocação: "Esses bosques sagrados, povoados de árvores muito antigas e de altura inusitada, cujas espessas ramagens superpostas ao infinito roubam a visão do Céu, a pujança da floresta e seu mistério, a inquietação que a nós transmite essa sombra profunda que se prolonga na distância — tudo isso não infunde o sentimento de que um Deus reside nesse lugar?".
Cada deus tem seu bosque sagrado: e se esse bosque inspira temor reverencial, ele também recebe as homenagens e as preces. Os romanos não podiam nem cortar nem podar as árvores dos bosques sagrados, a não ser mediante um sacrifício expiatório.
A floresta, ou o bosque sagrado, é um centro de vida, uma reserva de frescor, de água e de calor associados, como uma espécie de útero. Por isso ela é também um símbolo MATERNAL. É a fonte de uma regenerescência. Nesse sentido, intervém muitas vezes nos sonhos, denotando um desejo de segurança e de renovação.
É uma expressão muito forte do inconsciente. A vegetação rasteira da floresta, com suas matas profundas, também costuma ser comparada a grutas e cavernas. Quantas pinturas de paisagens não fazem sobressair essa semelhança! E tudo isso vem confirmar o simbolismo de um imenso e inesgotável reservatório de vida e de conhecimento de mistérios. Ainda hoje, a tradição dos bosques sagrados, reservados aos cultos de sociedades iniciáticas, permanece viva em numerosas regiões da África negra.
A revolução industrial e a nova indústria da madeira
A demanda por madeira subiu nos Estados Unidos, conforme sua economia se desenvolvia durante o século 19, e também aumentou a demanda por novos métodos de tecnologia industrial e logística.
As ferrovias promoveram a industrialização e a expansão para o oeste, criando uma enorme demanda para a madeira serrada. Enquanto isso, o motor a vapor libertou as serrarias antigas da sua dependência de moinhos de água corrente, e permitiu-lhes operar durante o ano todo e em qualquer lugar com acesso a carvão.
As tecnologias novas permitiram serras circulares de alta velocidade, além de melhorar a produção e a qualidade da madeira. Plainas mecanizada (Machine Tools), suavizaram a madeira áspera.
Os primeiros registros dessa revolução são encontrados no estado do Meine, que inicialmente liderou a produção de madeira no início do século 19 nos Estados Unidos.
As empresas madeireiras compravam terrenos e fazendas com a intenção de cortar só as melhores árvores ou de uma única espécie. Infelizmente os restos do corte muitas vezes alimentavam os incêndios que destruíram fazendas e vilas.
Madeireiros avançaram da Nova Inglaterra, descendo em direção ao vale do rio Mississipi e também em direção aos Grandes Lagos (estados de Michigan, Wisconsin e Minnesota).
A indústria madeireira no início dependia fortemente de cursos de água para o transporte das toras, e as serrarias se desenvolveram junto aos assentamentos ao longo dos rios e portos.
Várias grandes cidades, como Chicago, Minneapolis e Seattle cresceram em torno da serraria e da comercialização de madeira serrada.
Os madeireiros foram romantizados no folclore americano com personagens tão lendários como o poderoso Paul Bunyan e seu boi azul gigante, Babe.
O crescimento econômico após a Segunda Guerra Mundial estimulou novamente a demanda por madeira nos Estados Unidos, especialmente para a construção de casas suburbanas. Durante este período, algumas empresas madeireiras e até mesmo florestas públicas desenvolviam operações florestais intensivas, maximizando a sua produção com fertilizantes, herbicidas e pesticidas.
Porém, foi nessa mesma época que mais pessoas se tornaram ambientalmente conscientes, e as florestas não eram vistas apenas como fontes de madeira, elas tornaram-se valorizadas como fontes de lazer, água potável, de vida selvagem e da biodiversidade.
Esse movimento ambiental norte americano se espalhou pelo mundo todo, e chegou também no Brasil. Um dos exemplos daqui é o SOS Mata Atlântica.
A Fundação SOS Mata Atlântica é uma ONG criada em 1986 cuja missão é a de defender a Mata Atlântica do Brasil, conservando os patrimônios naturais e histórico, buscando um desenvolvimento sustentável que possa preservar a fauna e flora. Trata-se de uma ONG privada, sem vínculos partidários ou religiosos e sem fins lucrativos. A organização atua em 3 frentes: proteção e recuperação das Florestas, proteção do Mar e busca da qualidade de vida nas Cidades. A atuação da SOS Mata Atlântica é alertar, informar, educar, mobilizar e capacitar para o exercício da cidadania.
Como ajudar o meio ambiente na questão da madeira?
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Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.