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A luz possui uma simbologia fantástica. Thomas Edison foi um inventor norte americano que patenteou 2.332 invenções. Porém, nenhuma de suas invenções será mais bem lembrada do que a lâmpada elétrica. Obviamente, já existiam outras lâmpadas de menor qualidade, e além disso ele tinha uma equipe de técnicos trabalhando para ele.

Mas ele conseguiu guiar seu time de técnicos na criação de um novo tipo de lâmpada incandescente que poderia funcionar por anos a fio, ao contrários das antigas lâmpadas que duravam apenas algumas horas. Após sua invenção, a luz se tornou o símbolo da genialidade de Thomas Edson.

Em numerosos casos, as fronteiras ficam indecisas entre a luz-símbolo e a luz-metáfora. Por exemplo, pode-se perguntar se a luz, "aspecto final da matéria que se desloca com uma velocidade limitada, e a luz de que falam os místicos têm alguma coisa incomum, a não ser o fato de serem um limite ideal e um resultado".

Vai-se na direção do símbolo, por outro lado, quando se considera a luz um primeiro aspecto do mundo informe. Embrenhou-se na sua direção, entra-se num caminho que parece poder levar além da luz, isto é, além de toda forma, mas, igualmente, além de toda sensação e de todo conceito.

A luz é relacionada com a obscuridade para simbolizar os valores complementares ou alternantes de uma evolução.

Essa lei se verifica nas imagens da China arcaica, bem como nas de numerosas civilizações.
Sua significação é que, assim como acontece na vida humana em todos os seus níveis, uma época sombria é seguida, em todos os planos cósmicos, de uma época luminosa, pura, regenerada.

O simbolismo da saída das trevas se encontra nos rituais de iniciação, assim como nas mitologias da morte, do drama vegetal (semente enterrada, trevas de onde sairá uma planta nova, neófita) ou na concepção dos ciclos históricos.

A idade sombria, Kali-Yuga, será seguida, depois de uma dissolução cósmica mahã-pralaya, por uma era nova regenerada. É assim, conclui, com profundidade, Mircea Eliade, que se pode valorizar as eras sombrias, épocas de grande decadência e de decomposição: elas adquirem uma significação supra-histórica, embora seja precisamente em tais momentos que a história se realiza de forma mais plena, porquanto os equilíbrios aí se tornam precários, as condições humanas apresentam uma variedade infinita, as "liberdades são encorajadas pela deterioração de todas as leis e de todos os esquemas arcaicos".

Expressões como luz divina ou luz espiritual deixam transparecer o conteúdo de um simbolismo muito rico no Extremo Oriente.

A luz é o conhecimento: a dupla acepção existe igualmente na China para o caractere ming, que sintetiza as luzes do Sol e da Lua; ele tem, para os budistas chineses, o sentido de iluminação, no islã, En-Nur, a Luz, é essencialmente o mesmo que Er-Ruh, o Espírito. "A irradiação da luz (Aor) a partir do ponto primordial engendra a extensão, segundo a Cabala.

 

luz vela simbolo

 

É a interpretação simbólica do Fiat lux do Gênesis, que é também a iluminação, ordenação do caos, por vibração", escreve Guénon; é nesse ponto que a teoria física da luz pode parecer, ela própria simbólica.

Segundo São João (1, 9), a luz primordial identifica-se com o Verbo; o que exprime de certo modo a "irradiação do Sol espiritual que é o verdadeiro coração do mundo".

Essa irradiação é percebida "por todo homem que vem a este mundo", precisa São João,
voltando ao simbolismo da luz-conhecimento percebida sem refração, isto é, sem intermediário deformante, por intuição direta: esse é bem o caráter da iluminação iniciática.

Este conhecimento imediato, que é a luz solar, opõe-se à luz lunar que, por ser refletida, representa o conhecimento discursivo e racional.

A luz sucede às trevas (Post tenebras lux), tanto na ordem da manifestação cósmica como na da iluminação interior. Essa sucessão é observada tanto em São Paulo como no Corão, no Rig-Veda ou nos textos taoistas, como ainda no Angutta-ranikaya budista; é de novo Amaterasu saindo da caverna.

Luz e trevas constituem, de modo mais geral, uma dualidade universal, que a dualidade do yang e do yin exprime com exatidão. Trata-se, em suma, de correlativos inseparáveis, o que o yin-yang representa, onde o yin contém o traço do yang e vice-versa.

A oposição luz-trevas é, no Masdeísmo, a de Ormuz e Arimã; no Ocidente, a dos anjos e demônios; na índia, a do Deva e dos Asura, na China, a das influências celestes e terrestres. "A terra designa as trevas, e o céu, a luz", escreve Mestre Eckhart.

É ainda, na China, a oposição ts'ing-ming na divisa das sociedades secretas: abater ts'ing, restaurar ming não significa apenas o antagonismo de dois princípios dinásticos, mas antes a restauração da luz iniciática.

A dualidade é também, na gnose ismaeliana, a do espírito e do corpo, símbolos dos princípios luminoso e obscuro, que coexistem no mesmo ser.

Tanto no Gênesis como na Índia e na China, a operação cosmogônica é uma separação da sombra e da luz, originalmente confundidas.

O retorno à origem pode pois ser expresso pela resolução da dualidade, a reconstituição da unidade primeira: "Segui-me", escreve Tchuang-tse, "além dos dois princípios (da luz e das trevas) até a unidade".

Do ponto de vista dos homens comuns, ensina o patriarca Huei-neng, iluminação e ignorância (luz e trevas) são duas coisas diferentes. Os homens sábios que realizam a fundo sua natureza particular sabem que elas têm a mesma natureza.

Simbolismo próprio a certas experiências místicas: o além da luz são as trevas, a Essência divina não sendo conhecível pela razão humana.

Esta noção encontra-se expressa entre certos muçulmanos espiritualistas, bem como em São Clemente da Alexandria, ou em São Gregório de Nissa (no Sinai, Moisés penetra na trem divina) e em Dionísio Areopagita.

Para aumentar a intensidade da luz interior, os taoistas recorrem a diversos métodos como a integração da luz solar, a consumação da luz da aurora. É bastante notável que a imortalidade seja finalmente concebida como que de um corpo luminoso.

Na tradição céltica, a luz, sob suas diversas formas, é frequentemente o objeto ou o ponto de partida de comparação de metáforas lisonjeiras, e o repertório lexicográfico é particularmente rico.

Ela simboliza evidentemente a intervenção dos deuses celestes, e Lug é chamado grianai-nech (de rosto de sol). A espada de Nuada tornou-se, por seu lado, na época cristã, o claidheam soillse ou espada de luz da fé cristã.

Tudo que é maléfico ou de mau augúrio é jogado na sombra e na noite. Existe, por outro lado, uma equivalência simbólica da luz e do olho: o sol é chamado Ilygad y dydd, olho do dia, pelos poetas galeses; e a expressão irlandesa li sula, luz do olho, é uma metáfora sábia que designa o brilho do sol.

Existe na Gália um Marte Loueetius ou Leucetius (forma mais antiga), luminoso, que evoca o epíteto rosto de sol dado a Lug e ocasionalmente a Ógmios.

Deus é luz

A luz é uma expressão das forças fecundantes uranianas, assim como a água é, muito frequentemente, a expressão das forças criadoras ctônicas.

Em numerosos mitos da Ásia central, "ela é evocada ou como o calor que dá a vida, ou como a força que penetra no ventre da mulher".

Sabe-se, acrescenta esse autor, que "através do mundo, a revelação mais adequada da divindade se efetua pela luz". Toda epifania, toda aparição de uma figura ou de um signo sagrado é cercada de um nimbo de luz pura, astral, na qual se reconhece a presença do Além na iconografia islâmica, bem como na iconografia cristã.

F. P. Roux cita o testemunho de um monge tibetano segundo o qual "os antigos, no princípio dos tempos, se multiplicavam por uma luz emanada do corpo do homem, que penetrava na matriz da mulher e a fecundava"; da mesma forma, transposto o símbolo para o plano espiritual, a luz da graça fecunda o coração da criatura chamada por Deus. Na China, vários heróis ou fundadores de dinastias nascem depois que "uma luz maravilhosa invadiu os aposentos de sua mãe".

cor azul lobo simbolo

E os lendários lobos azuis, leões azuis, cavalos azuis etc., que ilustram o bestiário maravilhoso turco-mongol, não são mais que epifanias da luz celeste.

Pode-se dizer o mesmo da espiral de cobre vermelho, enrolada ao redor da matriz solar dos dogons que, atravessando as nuvens, vem fecundar a terra: ela pode ser luz ou água; é, nos dois casos, o sêmen celeste das hierogamias elementares.

Se a luz solar é a expressão da força celeste, do medo e da esperança humanos, ela não aparece como um dado imutável. Poderia desaparecer, e a vida desapareceria com ela. Conhece-se o cortejo de ritos, motivados pelos eclipses, em toda a história da humanidade, e as oferendas cotidianas de sangue humano ao Sol, para alimentar sua luz, que atingiram as proporções de verdadeiras hecatombes entre certos povos pré-colombianos, como os astecas e os chibchas da Colômbia.

O culto da luz celeste causou, nesses casos, a elaboração de verdadeiras civilizações do medo, que coincidem com o desenvolvimento do ciclo agrário. E Van der Leeuw observa: "quando Chesterton, com seu belo entusiasmo, diz do amanhecer que ele nunca se repete, porque é preciso ver aí um dramático da capo, toda manhã Deus lançando ao astro do dia a sua ordem mais uma vez, e o mesmo ocorrendo toda noite em relação à Lua, o escritor moderno exprime dessa maneira os sentimentos de um primitivo autêntico; e a perspicácia que demonstra se aplica de forma muito exata à mentalidade que os antigos contos e lendas refletem".

Mas, se a luz solar morre toda noite, também é verdade que ela renasce toda manhã, e o homem, assemelhando seu destino ao da luz, obtém dela esperança e confiança na perenidade da vida e de sua força. "Entre o mundo superior e o dos hu-manos existe um parentesco de essência".

A luz do céu é a salvação do homem, e é por isso que os egípcios mandavam costurar sobre sua mortalha um amuleto que simbolizava o Sol.

No começo da linhagem dos povos anteriores a Gêngis Khan, uma princesa sem marido dá à luz três crianças e se justifica nestes termos: "toda noite um homem amarelo, brilhante, que entrava pela abertura superior da tenda, esfregava meu ventre e seu esplendor luminoso penetrava dentro de mim [...]. Saía sorrateiro, como um cão amarelo nos raios luminosos da Lua e do Sol. Para quem compreende o signo, é evidente que estes três filhos devem ser os filhos do céu".

Na tradição cristã, a visitação de Maria pela Pomba que encarna o Espírito Santo pôde ser considerada uma expressão de manifestação da luz. Mas a luz pode também aparecer, não mais como uma epifania masculina e fecundadora, mas como a ancestral fêmea que o homem fecunda.

Veja-se este fragmento do Oghuz-Name, citado por J. P. Roux (372): "Um dia em que Oghuz rezava a Tangri (deus do céu), caiu do céu uma luz azul. Era essa luz mais brilhante que o Sol e a Lua. Oghuz aproximou-se e viu que no meio dessa luz havia uma moça [...] de grande beleza [...]. Ele a amou e a possuiu [...]. Ela deu à luz três filhos. Ao primeiro, deram o nome de Sol, ao segundo, o nome de Lua, ao terceiro o de Estrela."

A célebre Tábua da Esmeralda, atribuída a Apolônio de Tiana ou Hermes Trismegisto e que, durante séculos, foi considerada uma verdadeira tábua da lei para os alquimistas e os herméticos, evoca nestes termos a criação do mundo: A pri-meira coisa que apareceu foi a luz da palavra de Deus. Ela fez nascer a ação, esta deu origem ao movimento, este ao calor. Para Jacob Boehme, "a luz origina-se do fogo, mas o fogo é doloroso, enquanto a luz é amável, doce e fecunda".

Esta Luz Divina, que Jacob Boehme associa a Vênus, é o despertar do desejo e o amor realizado, depois que o ser passou pela purificação do fogo. Essa luz contém a Revelação, porque "na luz existe um Deus misericordioso e bom, e, na força da luz, ele se chama, antes de qualquer outra propriedade: Deus. E, entretanto, é apenas o Deus revelado".

Assim, nessa acepção mística, a glorificação da luz é total, uma vez que se torna, ela própria, a Epifania primordial, onde a Qualidade sensível é tão forte que, sem precisar encarnar-se numa forma, Deus se revela nela, faz dela Manifestação, em oposição às Trevas.

A luz é Amor, porque a luz se destaca do fogo, assim como o desejo de amor se destaca da vontade de Deus.

Notemos que, nos primeiros séculos da Igreja, o batismo era chamado a Iluminação, como testemunha particularmente a obra de Dionísio Areopagita. O Antigo Testamento distingue-se claramente das religiões vizinhas, por recusar toda especulação sobre um Deus solar, lunar ou estelar, oposto a um poder tenebroso. É por isso que nele se fala do dia, da luz, criações de Deus (Gênesis 2, 3) e muito pouco do astro que é a causa evidente deles.

A luz simboliza constantemente a vida, a salvação, a felicidade dadas por Deus (Salmos 4, 7; 36, 10; 97, 11; Isaías 9, 1) que é ele próprio a luz (Salmos 27, 1; Isaías, 60, 19-20).

A lei de Deus é uma luz sobre o caminho dos homens (Salmos 119, 105); assim também sua palavra (Isaías, 2, 3-5).

O Messias também traz a luz (Isaías, 42, 6; Lucas, 2, 32).

As trevas são por corolário, símbolo do mal, da infelicidade, do castigo, da perdição e da morte (fó, 18, 6, 18, Amós 5, 18).

Mas essas realidades não encobrem um poder estranho a Deus: foi ele quem igualmente criou as trevas, é ele quem castiga etc. Além do mais, a claridade de Deus penetra e dissipa as trevas (Isaías, 60, 1-2) e chama os homens para a luz (Isaías, 42, 7).

Os símbolos cristãos não fazem mais que prolongar essas linhas. Jesus é a luz do mundo (João, 8, 12; 9, 5); os crentes devem ser assim também (Mateus, 5, 14), tornando-se os reflexos da luz de Cristo (II Coríntios, 4, 6) e agindo de acordo com ela (Mateus 5, 16).

Uma conduta inspirada pelo amor é o sinal de que se caminha na luz (I João 2, 8-11). Entretanto, em certas passagens do Novo Testamento, a oposição luz-trevas toma um caráter mais fundamental e parece influenciada pelas especulações dualistas de certos círculos do judaísmo tardio, nos quais ideias iranianas foram introduzidas.

No Alcorão, por exemplo, como se vê no Livro da guerra dos filhos da luz contra os filhos das trevas, distinguem-se os eleitos, os que, desde sempre, são predestinados a pertencer ao campo divino da luz, e os outros, para quem as trevas são a verdadeira pátria.

Toda a história do mundo e dos homens é, por isso, vista como o campo fechado, onde se afrontam os exércitos de dois chefes supremos: o Deus da luz e Satã, príncipe das trevas.

No pano de fundo do prólogo do Evangelho de João, bem que parece ser preciso denunciar uma concepção semelhante, aliás cuidadosamente cristianizada.

Não se fala aí da luz que as trevas não podem, nem querem receber? (João I, 4-5, 10). O cristianismo ulterior continuou de bom grado a falar assim (v. o Manual dos dois caminhos, utilizado pelos autores do Didaquê e da Epístola de Barnabé).

A vida moral dos homens é descrita aí como oferecendo dois caminhos, percorridos sob a direção de Deus ou de um anjo das trevas.

A gnose alargará o domínio estritamente moral desse simbolismo, especulando sobre o antagonismo de uma luz celeste primordial e de um poder sobrenatural das trevas.

O mundo sensível é uma impostura das trevas, que procuram raptar a luz, mas conseguem apenas aprisionar seus reflexos na matéria.

Por conseguinte, os eleitos, aqueles nos quais reside uma centelha de luz divina, devem fazer tudo para rechaçar e aniquilar a dominação do corpo, a fim de reencontrar sua verdadeira natureza, essencialmente divina e luminosa.

A luz é o símbolo patrístico do mundo celeste e da eternidade. As almas separadas do corpo
serão, segundo São Bernardo, mergulhadas num oceano imenso de luz eterna e de eternidade luminosa.

O polo da luz é o meio-dia, que é, no sentido simbólico, o "instante imóvel [...] a hora prestigiosa da inspiração divina, [...] a intensidade luminosa do face a face com Deus".

O sentido simbólico da luz nasceu da contemplação da natureza. A Pérsia, o Egito, todas as mitologias atribuíram uma natureza luminosa à divindade. "Toda a Antiguidade presta este mesmo testemunho: Platão, os estoicos, os alexandrinos e também os gnósticos.

Santo Agostinho devia transmitir as influências neoplatônicas relativas à beleza da luz. A Bíblia já assinalava a grandeza da luz. O Verbo não é também chamado lúmen de lumine?". "A luz é Deus" (v. toda a primeira Epístola de São João).

Nas tradições do Islã, a luz é antes de tudo símbolo da Divindade. O Alcorão declara: "Deus é a luz dos céus e da Terra. Sua luz é como um nicho num muro, onde (se encontra) uma lâmpada; e a lâmpada está num vidro, e o vidro é como uma estrela brilhante. Ela está acesa (com o óleo) de uma árvore benta, uma oliveira que não é nem do Oriente, nem do Ocidente; e esse óleo está aceso e (o esplendor de sua luz) brilha, sem que o fogo nele tenha sido colocado. É luz sobre luz. Deus guia para a Sua luz aquele que Ele deseja. E Deus propõe aos homens parábolas; porque Deus conhece todas as coisas" (24, 35). Esse versículo foi meditado por todos os místicos do Islã.

O tratado sufista intitulado Mirsa-dulabad comenta assim essa sura: "O coração do homem parece uma lanterna de vidro no nicho (mishkat) do corpo, e no coração se encontra uma lâmpada (misbah), isto é, a consciência mais secreta (sirrj, iluminada pela luz do espírito ruh).

A luz refletida pelo vidro irradia o ar no interior do nicho. Esse ar significa as faculdades carnais, enquanto os raios, que o atravessam e chegam às janelas, representam os cinco sentidos.

Por difusões sucessivas, a Luz de Deus espalha beleza e pureza sobre as mais baixas, bem como sobre as mais altas faculdades da alma humana, e é isso o que significa luz sobre luz".

O Nicho das luzes, de al-Ghazali, é consagrado, na sua primeira parte, à consideração dessa luz essencial. Declara que Deus é a única luz da qual todas as luzes descendem, de uma maneira análoga à distribuição de luz física no universo: "que se represente, por exemplo, a luz da Lua que provém do Sol, adentrando por uma janela numa peça e refletindo-se num espelho dependurado num muro, que torna a lançá-la sobre um outro muro, o qual, por sua vez, a reflete sobre o solo [...]".

Os psicólogos e os analistas observaram que "à ascensão estão ligadas as imagens luminosas, acompanhadas de um sentimento de euforia, enquanto à descida estão ligadas a imagens sombrias, acompanhadas de um sentimento de medo".

Essas observações confirmam que a luz simboliza o desabrochar de um ser pela sua elevação — ele se harmoniza nas alturas — enquanto a obscuridade, o negro, simbolizaria um estado depressivo e ansioso.

No Egito, o deus Set simbolizava a luz das trevas, maligna e terrível, e o deus Anúbis, a luz vivificadora, favorável e grandiosa, aquela de onde sai o universo e aquela que introduz as almas no outro mundo. A luz simboliza a força que dá e que tira a vida; sendo tal ou qual a luz, tal ou qual será a vida.

A natureza e o nível da vida dependem da luz recebida. Na linguagem e nos ritos maçônicos, receber a luz é ser aceito na iniciação. Depois de ter participado em certos ritos, de olhos tapados, e ter prestado o juramento, o neófito, com os olhos enfim desvendados, é como que ofuscado pela claridade súbita: ele recebe a luz; todos os membros da loja dirigem para ele a ponta de sua espada. A Luz é dada pelo Venerável com a ajuda da espada brilhante, símbolo bem conhecido do Verbo.

Dar a luz é um rito que se celebra na abertura de uma assembleia: "o Venerável é o único a segurar uma vela acesa; ela dá a luz aos dois Vigilantes que levam na mão cada um uma tocha, e com elas acende as outras velas colocadas sobre os pilares. Enfim, quando uma autoridade maçônica é introduzida, o Mestre de cerimônias o precede levando uma estrela que simboliza a luz representada pelo visitante".

Essa luz a que se referem com tanta frequência os ritos não é nada mais que o conhecimento transfigurador, que os maçons têm por dever adquirir.

 

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 Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.


Página atualizada na Agência EVEF em 25/08/2024 por Everton Ferretti