A origem do milho na América Central pode ter ocorrido há 7 ou 8 mil anos, provavelmente, nos planaltos do México. Os povos pré colombianos (Incas, Maias e Astecas) não só se alimentavam dele, mas tinham também uma relação de religiosa sagrada com os grãos do milho.
Até o descobrimento da América, em 1492, os europeus desconheciam a existência do milho, e foi Cristóvan Colombo que o levou à Europa, em 1493, causando grande sensação entre os botânicos do século XV.
O cabelo de milho é utilizado na medicina popular como diurético. E os povos andinos fazem uma bebida à base de milho chamada chicha.
Os Maias possuíam um deus do milho. O único em seu panteão que possuía feições humanas, juvenis e amáveis. Ele se apresentava com os traços de um jovem. Sua cabeça servia também de símbolo do algarismo 8, de cabelos longos sugerindo os cabelos da espiga de milho. Seu nome era Yuin Kax, "o senhor dos bosques". Deus da prosperidade e da abundância, também era associado com símbolos da morte. Para eles não há como criar vida senão com a morte. Para que o grão germine, é necessário enterrá-lo e deixá-lo agir como um cadáver. Sendo assim, representam-no em sua forma decapitada ou trazendo a cabeça cortada com uma medalha no peito, para lembrar que o grão morre para que brote a jovem planta. Os Maias acreditavam ser originados do milho.
Conta uma lenda guarani que num tempo muito longínquo, cada família procurava na agricultura e na caça os meios para subsistir. Mas dois caçadores sempre andavam juntos e o que eles conseguiam, dividiam para eles e para as outras famílias.
Mas houve um tempo que todos os alimentos ficaram escassos. Os dois amigos conversavam sobre isso quando aproximou-se deles um homem dizendo ser o enviado de Nhandeyara (o grande espírito), e que ele haveria de enviar a planta que acabaria com a fome. Mas para isso, cada um dos dois amigos teria que lutar com este homem para ver qual era o mais forte. E o mais fraco teria que sacrificar-se e ser enterrado junto à cabana.
Quem perdeu foi um dos amigos chamado Avaty, que foi enterrado por seu amigo, apesar do grande desgosto, como o combinado. Em um dos primeiros dias de primavera a aldeia foi surpreendida com uma bonita planta de muitas folhas verdes e espigas douradas. Viu, então, o caçador, a promessa cumprida e compreendeu a sabedoria de Nhandeyara que foi necessário sacrificar um para a salvação de vários. Desde então os guaranis chamam esta planta de avaty, em homenagem ao índio enterrado.
Os índios do leste da América do Norte acreditavam que o espírito do milho tinha se originado do sangue da mulher dos grãos. Nas fórmulas sagradas dos nativos cherokee, o cereal às vezes é invocado como “mulher velha” e um dos seus mitos conta como um caçador viu uma bela mulher sair de um pé de milho.
Essa mulher dos grãos vinha da crença que o espírito do milho, o espírito das vagens e o espírito das abóboras eram três irmãs vestidas de folhas que se amavam muito e gostavam de viver juntas. Essa trindade divina era chamada de "De-o-há-ko" que quer dizer nossa vida. E dizem que o milho vem do sangue de uma dessas irmãs.
Como se pode ver, a origem do milho tem uma interligação cósmica, convertendo a agricultura em sinônimo de sociedade desenvolvida, além de significar fartura e prosperidade. Aliado a isso, os vegetais são os primeiros elos de todas as cadeias alimentares, pois são chamados “os produtores”. Isto porque para obterem a energia que necessitam, os vegetais não se alimentam de nenhum outro ser vivo, somente do solo, água e luz solar. Todos esses aspectos transformam o milho em alimento primordial na alimentação do homem. Seja ele presente do grande espírito ou presente da Mãe Terra que nos sustenta como mais um filho seu.
Nas culturas mexicanas o milho representa o Sol, o Mundo e o Homem. Existe uma lenda maia contada no Popol Vuh (um dos poucos livros que sobreviveram da civilização Maia) que relata que o Grande Pai e a Grande Mãe geraram os homens com a intenção de serem adorados por suas criaturas e essas tentativas ocorreram até que a criação tivesse sucesso.
Primeiramente os deuses criaram a Terra, depois os animais e depois os homens. A primeira tentativa de criar os homens foi utilizando o barro, mas o homem não vingou. A segunda tentativa ocorreu utilizando a madeira como matéria prima. Dessa vez, os homens sobreviveram, mas se tornaram altivos, vaidosos e frívolos e por essa razão, o Grande Pai os destruiu com um dilúvio.
O Grande Pai, então, resolveu criar quatro homens utilizando grãos de milho moídos e a partir dos corpos desses quatro homens, foram criadas quatro mulheres. Os homens e as muhleres, então, se multiplicaram e geraram várias outras famílias. Temendo essa multiplicação, os deuses ficaram temerosos que suas criaturas pudessem ter a idéia de superá-los em sua sabedoria e, portanto, resolveram diminuir a inteligência dos oito.
O milho no Brasil
No Brasil, o cultivo do milho vem desde antes da chegada dos europeus. Os índios, principalmente os guaranis, tinham o cereal como o principal ingrediente de sua dieta. Com a chegada dos portugueses, o consumo aumentou e novos produtos à base de milho foram incorporados aos hábitos alimentares dos colonizadores.
Sua popularidade começou quando os primeiros europeus descobriram sua existência: os exploradores voltavam à Europa e falavam de “um tipo de grão” que chamavam de milho, de bom sabor quando cozido seco e como farinha.
Sua presença foi fundamental para a dieta e mesmo para a cultura de antigas civilizações americanas. Em toda América é conhecido por diferentes nomes: milho, choclo, jojoto, corn, maíz, elote. Deve-se notar que existem tipos diferentes de milho, como o dentado, o duro, o macio ou farinhoso, o doce e o pipoca.
Encontramos hoje aproximadamente 150 espécies de milho, com grande diversidade de cor e formato dos grãos.
O volume esperado para produção de milho no Brasil em 2022 é de 82 milhões de toneladas. A estimativa da área a ser cultivada no país é de 71,5 milhões de hectares, uma previsão de crescimento de 3,6% em relação ao registrado em 2020/21. No Brasil, o milho é um dos cereais que servem para fazer inúmeros pratos nas festas juninas, com destaque para o saboroso bolinho caipira (uma massa de angu frita recheada com carne moída temperada).
Os grãos como símbolos
O grão, que morre e se multiplica, é o símbolo das mudanças da vegetação. Desde a antiguidade clássica na Grécia, o grão de trigo já era mencionado nos hinos homéricos. Seu simbolismo se eleva, porém, acima dos ritmos da vegetação para significar a alternância da vida e da morte, da vida no mundo subterrâneo e da vida à luz do dia, do não manifestado à manifestação.
Os ritos de iniciação, sobretudo nos mistérios de Elêusis, têm por objetivo livrar a alma dessa alternância e fixá-la na luz. A forma particular do grão de lentilha atrai o olhar e faz ressaltar a brancura luminosa que o cerca. A lentilha se chama em francês grain de beauté e poderia ser traduzida como "grão da beleza".
Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.
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