Nas religiões que cercavam a antiga Israel, a videira passava por ser uma árvore sagrada, até mesmo divina, e seu produto, o Vinho, como bebida dos deuses. Encontramos um vago eco dessas crenças no Antigo Testamento (Juizes, 9,13; Deuteronômio, 32, 37).
Por questão de adaptação, Israel considera a videira (assim como a oliveira) uma das árvores messiânicas (Migueias, 4, 4; Zavarias, 3,10). Não é impossível que as antigas tradições tenham identificado a árvore da vida do paraíso com uma videira.
Portanto, desde a sua origem, o simbolismo da videira adquire um aspecto eminentemente positivo.
Vitis vinifera é a espécie de videira (também conhecida por parreira) mais cultivada para a produção do vinho na Europa. Esta videira, cujo fruto é a uva é cultivada por várias civilizações europeias há milhares de anos, o que originou dezenas de variedades, as denominadas castas, por meio de seleção artificial.
Originária da Região do Mediterrâneo até o sul da Alemanha, a Vitis vinifera é cultivada em todas as regiões de clima temperado, fazendo da produção de vinho uma das atividades mais antigas da civilização, desde o período neolítico.
A videira é, antes de tudo, a propriedade e, assim, a garantia da vida e o que lhe dá o seu valor: um dos bens mais preciosos do homem (1 Reis, 21, 1). Uma boa esposa é para o marido como uma videira fecunda (Salmos, 128, 3). A sabedoria é uma videira de belas parras.
Daí, passamos naturalmente ao tema principal do simbolismo. A videira é Israel, como propriedade de Deus. É a sua alegria, espera os seus frutos e dela cuida constantemente. O profeta Isaías, por ocasião das festas das vindimas, compôs o canto da videira:
Que eu cante ao meu amigo
o canto de seu amor por sua vinha
Pois bem, a vinha de Jeová
é a casa de Israel,
e o povo de Judá
é a planta escolhida.
Dela esperava inocência e veio sanguea retidão, e veio o grito de pavor.
Essa planta preciosa decepciona aquele que tanto a cercou de cuidados. Não passam de maus frutos e de degenerescência (Jeremias, 2, 21).
É por essa razão que o simbolismo será transferido para a pessoa daquele que encarna e sintetiza o verdadeiro povo de Deus: o “Messias é como a videira” (TI Baruc, 36, s.).
Jesus proclama que ele é a verdadeira cepa e que os homens não podem pretender ser a videira de Deus se não permanecerem nele. De outra forma, não passam de galhos secos que só servem para ser lançados ao fogo (João, 15, 1).
Em Mateus (21, 28-46) a videira, na parábola dos vinhateiros homicidas, designa o reino de Deus, que, inicialmente confiado aos judeus, será passado a outros.
O simbolismo da videira estende-se a cada alma humana. Deus é o vinhateiro que pede a seu filho que visite a vinha (Marcos, 12, 6). E, substituindo Israel, o Cristo tornar-se-á, por sua vez, comparável a uma videira, sendo o seu sangue o vinho da Nova Aliança.
Os textos mandianos empregam a palavra videira para designar não apenas o enviado celeste, mas toda uma série de seres que pertencem ao mundo superior luminoso.
A videira é um símbolo importante, principalmente por produzir o Vinho*, a imagem do conhecimento. Não terá sido por acaso que Noé, que acompanha o início de um novo ciclo, tenha sido o primeiro a plantar a videira. Os textos evangélicos fazem da videira, segundo observamos, um símbolo do Reino dos Céus, cujo fruto é a Eucaristia. Jesus é a verdadeira cepa. “Refiro-me à videira no sentido alegórico”, escreve Clemente de Alexandria, “o Senhor cujo fruto devemos comer, mediante os cuidados de uma cultura que se faz através do trabalho da razão” (Stromate, 1). A seiva que sobe no interior da videira é a luz do Espírito, o Paiéo Vinhateiro, pelo menos de acordo com as concepções gnósticas que o separam de sua vinha como o Absoluto do relativo.
Em iconografia, a videira é muitas vezes uma representação da Árvore da Vida. A terrível vindima do Apocalipse (14, 18-20) confirma tal significado: “E outro Anjo, que tem poder sobre o fogo, saiu do altar e gritou em voz alta ao que segurava a foice afiada: “Lança a tua foice afiada na terra e colhe os cachos da videira da terra, pois suas uvas amadureceram.”
O Anjo lançou então sua foice afiada na terra e cortou a videira da terra, lançando-a depois na grande cuba do furor de Deus. A cuba foi jogada fora da cidade e dela saiu sangue até chegar aos freios dos cavalos, numa extensão de mil e seiscentos estádios.”
Entre os gregos, o cultivo da videira é de tradição relativamente recente em relação ao do trigo. Por isso não pertence a uma deusa tão antiga quanto Deméter, mas a Dioniso, cujo culto, associado ao conhecimento dos mistérios da vida após a morte, alcançou uma importância crescente. É essa ligação de Dioniso com os mistérios da vida após a morte, que também são os do renascimento e do conascimento, que fez da videira um símbolo funerário cujo papel continuou no simbolismo do cristianismo.
Da mesma forma que a videira era a expressão vegetal da imortalidade, o álcool permaneceu, nas tradições arcaicas, o símbolo da juventude e da vida eterna: a aguardente francesa = eaux de vie (água da vida); o uísque gálico = water of life (água da vida); o maie-i-shebab persa = bebida de juventude; o geshtin sumeriano = árvore da vida etc.
“A videira era identificada pelos paleo-orientais à erva da vida e o signo sumeriano para vida era, normalmente, uma folha de parreira. Essa planta era consagrada às Grandes Deusas. À Deusa-Mãe era inicialmente chamada de A Máe-Cepa de Videira ou A Deusa-Cepa de Videira.”
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A Mishna afirma que a árvore do conhecimento do bem e do mal era uma videira.
No mandeísmo, o vinho é a incorporação da luz, da sabedoria e da pureza. O arquétipo do vinho encontra-se no mundo celeste. À videira
arquétipo é composta de água no interior, sua folhagem é formada de espíritos da luz e seus nós são grãos de luz. A videira é considerada uma árvore cósmica, pois envolve os céus, e os bagos da uva são as estrelas.
O tema mulher nua videira também se transmitiu nas lendas apócrifas cristás.
“O vinho é símbolo da vida oculta, da juventude triunfante e secreta. Por essa razão, e por sua cor vermelha, é uma reabilitação tecnológica do
sangue. O sangue recriado pela cuba é o sinal de uma grande vitória sobre a fuga anêmica do tempo... O arquétipo da bebida sagrada e do vinho, entre os místicos, confunde-se com o isomorfismo de valorizações sexuais e maternais do leite. Leite natural e vinho artificial confundem-se no prazer juvenil dos místicos”.
O raki, bebida sagrada das seitas xiitas da Anatólia, é chamado, na sua linguagem secreta, arslan sutu = leite de leão. Sabe-se que o leão, para os xiitas, é uma epifania de Ali.
Os turco-tártaros da Ásia Central atribuem ao herói do Dilúvio a invenção das bebidas embriagantes. Esse herói é o patrono dos mortos, dos bêbados e das crianças pequenas.
Entre os bektashis, a palavra dem significa vinho, sopro e tempo. Os ensinamentos divinos são comparados ao vinho, segundo Dionísio, o Areopagita, devido à sua aptidão em restituir o vigor.
A cor vinho, feita de vermelho e branco, é uma síntese ctono-uraniana: é o casamento do ar e da terra, da alma e do espírito, da sabedoria e da paixão; era a cor da auriflama púrpura-azulada que, segundo a lenda popular, fora enviada do céu para Clóvis. É, na verdade, essa púrpura verdadeira que, na heráldica, difere do vermelho puro (das goelas) pelo fato de tender para o violeta.
Os vinhos, os néctares, os hidroméis, as ambrosias são todos de origem uraniana, ligados ao fogo celeste. Nos Vedas, o soma é trazido aos homens pela águia, ave solar. Licor masculino, por excelência, expressão do desejo impetuoso e fecundador, o soma é celebrado com o Cavalo”.
Mas essa glorificação da força viril, unanimemente ligada aos Vinhos, traz também a percepção da dualidade antagônica céu-terra, resolvida e, ao mesmo tempo, percebida na embriaguez.
Fonte: Livro Dicionário dos Símbolos, por Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, editora J.O.
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